O Falecimento de Familiar bastante próxima e as
cerimônias que se seguem nos levam a algumas considerações íntimas.
Para início de conversa, MUITO CUIDADO com a roupa que
você vai usar no velório. Em uma cerimônia bastante reservada, tivemos a
presença de uma Senhora (com a melhor das intenções!) vestindo uma camiseta com
os dizeres “QUEM SERÁ O PRÓXIMO?” estampando suas preces. Em tal situação, com a
presença de diversos octogenários e outros quase, por mais inevitável que seja
a existência de um próximo (e de muitos outros mais, na verdade todos nós), não
é exatamente o ápice do bom-tom alardear tal conjectura (mesmo que nas costas
da camiseta ficasse esclarecido tratar-se de pregação religiosa, com outras
frases como “cuidemos do Próximo”, “o Próximo precisa de nós”, etc.)
Uma cremação envolve diversas burocracias, pois implica
a completa destruição do DNA de quem se vai. Desta forma, se não ficar muito
direta e explicitamente clara a vontade do/a ex-dono/a do Corpo de que deseja
ser cremado/a, todos os Filhos & Filhas deverão assinar um documento
reconhecido em Cartório concordando com tal destinação. Ora, me escapa a
compreensão de tal lógica: afinal, os Descendentes já reconhecidos nada terão a
opor à destruição definitiva do DNA, mas sim aqueles que porventura ainda não
tenham sido reconhecidos! E ainda, se tal destruição é tão incontornável e
definitiva, não seria melhor, mais fácil e garantido deixar um tufo de células
ou mesmo um exame do DNA pronto para uma eventual necessidade? (Posso estar
falando caca.)
Passa-se a seguir ao inevitável questionamento “o que
você quer que façam com seu corpo depois de você morrer?” A pergunta me soa
estúpida: ora, eu estarei MORTO, portanto não me faz A MENOR DIFERENÇA o que será
feito com meus carbonos. Mas uma vez que tal pergunta deve ser respondida, com
o objetivo de simplificar a vida de quem continua por aqui eu manifesto oficialmente
meu Desejo Final do que deve ser feito com este corpitcho que foi tão útil para
mim (e também para algumas outras pessoas). São duas as alternativas.
UMA, jogar meus restos no Triângulo das Bermudas. Virar
alimento para a mais eficiente raça que habita este Planeta, os Tubarões. De
quebra, a oportunidade de assombrar alguns incautos.
OU ENTÃO doar o corpo para um bando de necrófilos homossexuais
tarados. Já que tenho sangue ruim e não há como aproveitar meus órgãos, ao
menos poderei ser útil e dar prazer a alguém mesmo depois de despachado.
Enjoy!
(Rio, jan/2015)